sexta-feira, 31 de maio de 2019



Lendo o livro “PIMENTAS - Para provocar um incêndio, não é preciso fogo” de Rubem Alves, me deparei com um conto que contém uma oração altamente pertinente para o momento em que vivemos no Brasil com relação ao meio ambiente. Um governo que alimenta um discurso de ódio e que libera inúmeros agrotóxicos, que diz que o aumento das temperaturas climáticas se devem ao asfalto, que se descompromete com as atitudes para as melhorias das condições ambientais para com nosso país e o mundo e outras leviandades mais, vi nela um alento altruísta, só orando mesmo, para desejarmos o de melhor para nossos filhos, netos e as novas gerações, que diz assim...

... Andando pelos corredores das maternidades, vejo, pregadas nem portas de quarto, as bandeiras de times de futebol: pais colocaram ali o seu mais alto desejo para o seu filho...

Aconteceu que fui atingido por duas criancinhas, neto reto e neto torto, e preciso abençoá-las com a minha mão. E mexendo nas minhas coisas encontrei uma bênção que um outro avô escreveu e que diz tudo o que eu quero dizer. É uma oração, reza, prece, linguagem velha de um homem bom que acreditava em Deus. Mas se você não acredita não tem importância porque a palavra é poderosa sempre, mesmo que não haja Deus. A menos que Deus seja um menino, como o descreveu Alberto Caeiro...

E eu a repito pensando em todas as crianças que estão nascendo neste mundo, na esperança de que haverão de construir um outro mundo de harmonia entre os homens e a natureza:

“Ó Deus, nós oramos por aqueles que virão depois de nós, por nossos filhos, pelos filhos dos nossos filhos, pelos filhos de nossos amigos, e por todas as vidas que estão nascendo agora, puras e esperançosas, com o sol da manhã em suas faces. Lembramos, com angústia, que eles viverão no mundo que estamos construindo para eles. Estamos esgotando os recursos da terra com a nossa avidez e eles sofrerão necessidades por causa disto. Estamos construindo cidades tristes e casas escuras onde o sol não penetra, porque queremos ganhar mais, e é nelas que eles deverão morar. Estamos tornando  a carga muito pesada e o ritmo de trabalho muito cruel e eles cairão fracos e soluçantes ao longo do caminho. Estamos envenenando o ar da nossa terra com as nossas mentiras e com nossa sujeira e eles terão de respirá-lo.

“Ó Deus, tu sabes quanto já gritamos em agonia quando tivemos de sofrer pelos pecados dos nossos pais e como lutamos em vão contra o destino inexorável que conduz nossa vida ou nos aprisiona a ela. Salva-nos de lesar, com a crueldade dos nossos pecados, os inocentes que virão depois de nós. Ajuda-nos a quebrar a antiga força do mal com uma vontade sagrada e firme, e dotar nossas crianças com ideais mais puros e pensamentos mais nobres. Dá-nos a graça de deixarmos esta terra ainda melhor do que a encontramos; a construir sobre ela cidades belas e humanas nas quais o grito do sofrimento desnecessário cesse por completo, e a colocar a ética e o amor sobre a nossa vida de negócios, para que possamos servier e não destruir. Levanta o véu do futuro e mostra-nos como será a nova geração se a nossa culpa a arruinar: para  que a nossa cobiça seja freada e assim possamos andar no respeito daquele que é Eterno. E dá-nos uma visão de como serão os anos que estão por vier se forem transformados pelos teus filhos: para que tenhamos coragem e batalhemos por esse futuro novo.”
Deus te abençoe, Tomas,
Deus te abençoe, Rafael...