terça-feira, 11 de dezembro de 2012

COM QUE CORES DEUS PINTOU!?


          Na realidade trabalha-se com poucas cores. O que dá a ilusão do seu número é serem postas no seu justo lugar. Pablo Picasso





































  

terça-feira, 13 de novembro de 2012

GRUPO CORPO - UMA BRILHANTE TRAGETÓRIA


Paulo Pederneiras
             Fundado por Paulo Pederneiras em 1975, em Belo Horizonte, o Grupo Corpo estrearia no ano seguinte sua primeira criação, “Maria Maria”. Com música original assinada por Milton Nascimento, roteiro de Fernando Brant e coreografia do Argentino Oscar Araiz, o balé ficou seis anos em cartaz e percorreu catorze países. Um êxito que se converteria na concretude de uma sede própria, inaugurada em 1978. Mas, se a empatia com o público, o entusiasmo da crítica e o sucesso de bilheteria foram imediatos, a conquista de uma identidade artística própria, a sustentação de uma padrão de excelência e a construção de uma estrutura capaz de garantir a continuidade da companhia e o estabelecimento de metas delongo prazo são frutos de árduo trabalho cotidiano.
Rodrigo Pederneiras
            De 1976 a 1982, enquanto o sucesso de “Maria Maria” ainda repercutia em apresentações pelo Brasil e diversos países da Europa e da América do Sul, o Grupo Corpo não se deu descanso. Colocou em cena nada menos que seis coreografias assinadas por Rodrigo Pederneiras, que assume o posto de coreógrafo-residente em 1981 e, juntamente com Paulo Pederneiras. diretor artístico da companhia e responsável pela iluminação e cenários dos espetáculos – acaba por moldar a personalidade e as feições definitivas do grupo.
            Em 1985, chegava aos palcos o segundo grande marco na carreira do grupo: Prelúdios, leitura cênica da interpretação do pianista Nelson Freire para os 24 prelúdios de Chopin. O espetáculo, que faz sua estreia no I Festival Internacional de Dança do Rio de Janeiro, aclamado pelo público e pela crítica, e termina de firmar o nome do grupo no cenário de dança.
            O Grupo Corpo dá início então a uma nova fase, na qual irá processar a gestação de um caligrafia e um vocabulário coreográfico únicos. A partir de um repertório eminentemente erudito – onde figuram, entre outras, obras de Richard Strauss, Heitor Villa-Lobos e Edward Elgar - vai tomando forma a combinação da técnica clássica com uma releitura contemporânea de movimentos extraídos dos bailados populares brasileiros que se transformaria em uma marca registrada do grupo.
Em 1989, estreia Missa do Orfanato, uma densa e grandiosa tradução cênica da Missa Solimnis K 139, de Mozart. De dimensões quase operísticas, o balé torna-se um marco estético tão definitivo na trajetória do grupo, que, duas décadas depois de sua estreia permanece em repertório.
Em 1992 emerge o divisor de águas do Grupo Corpo: 21, o balé que firmaria a imparidade da sintaxe coreográfica de rodrigo Pederneiras e a inconfundível persona cênica da companhia. A partir da sonoridade singular da oficina instrumental mineira Uakiti e dez  temas compostos por Marco Antônio Guimarães, o coreógrafo deixa de lado a preocupação com a forma e começa a investir na dinâmica do movimento, buscando, através do desmembramento de frases musicais e rítmicas, a escritura de um partitura de movimentos menos pautada na construção melódica, e mais interessada no que subjaz a ela, O resgate da ideia de trabalhar com trilhas especialmente compostas, que havia marcado os três primeiros espetáculos do grupo nos idos dos anos 70, permite também que ele avance na investigação de um vocabulário identificado com suas raízes brasileiras.
            Na Criação seguinte, Nazareth (1993) o fascínio de Rodrigo por transitar entre os universos musicais erudito e o popular encontra um oportunidade perfeita para se realizar mais plenamente. Inspirada no jogo de espelhamento proposto em contos e romances do ícone maior da literatura, Machado de Assis (1939-1908), e na obra de Ernesto Nazareth (1863-1934), figura seminal na formação da música popular no Brasil, a trilha criada pelo compositor e professor de Teoria Literária José Miguel Wisnik, permite que, a partir de uma sólida base clássica, o Corpo leve para a cena uma bem humorada síntese de brejeirice e da sensualidade (in) contidas no gingado próprio das danças brasileiras de salão.
            A parceria com autores contemporâneos dá tão certo que as trilhas especialmente compostas passam a ser uma norma e, cada trilha, o ponto de partida para a nova criação. De 1992 pra cá, a exceção que confirma a regra é Lecuona, de 2004, onde, a partir de treze derramadas canções de amor do cubano Ernesto Lecuona (1895-1963), Rodrigo exercita à exaustão seu dom para a criação de pas-de-duex.
            Em meados dos anos 90, o grupo corpo intensifica significativamente sua agenda internacional. Entre 1996 a 1999, atua como companhia residente da Maison de La Danse, de Lyon, França, fazendo neste período a estreia europeia de suas novas criações Bach, Parabelo e Benguelê.
            Hoje, com 35 coreografias e mais de 2.200 récitas na bagagem, a companhia mineira de dança contemporânea, mantém dez balés em repertório e faz uma média de 70 récitas anuais, apresentando-se em lugares tão distintos quanto a Islândia e a Coreia do Sul, Estado Unidos e Líbano, Itália e Cingapura, Holanda e Israel, França e Japão, Canadá e México.
            O minimalismo de Philip Glass (Sete ou oito peças uma um ballet, 1994), o vigor pop e urbano de Arnaldo Antunes (O Corpo, 200), o experimentalismo primigênio de Tom Zé (Santagustin, de 2002) e, em parceria com Winik (Parabelo, de 1997), a africanidade de João de Caetano Veloso e José Migual Winisk (Oncotô, 2005), a modernidade enraizada de Lenine (Breu, 2007) a diversidade sonora de Moreno, Domenico e Kassin (Ímã, 2009), as canções medievais de Martin Codaz na releitura de Carlos Nuñes e José Miguel Winisk (Sem Mim, 2011), dão origem a espetáculos de têmperas essencialmente diversas – cerebral, cosmopolita, interiorano, primordial, existencialista, brutal, moderno, lírico – sem que se percam de vista os traços distintos do Grupo Corpo.

CRONOLOGIA

Missa do Orfanato
21
Nazareth
Sete ou oito peças para um ballet
Bach
Parabelo
Benguelê
O Corpo
Santagustin
Lecuona
Onqotô
Breu
Imã
Sem Mim







&&&








&&&








&&&








&&&







&&&




&&&







&&&








&&&







&&&








&&&








&&&









&&&