quarta-feira, 20 de novembro de 2019



Em Latim IN-, negativo, mais SIGNIFICANS, de SIGNIFICARE, “querer dizer,

mostrar por sinais, ter significado”, de SIGNUM, “sinal” ou SPOTLIGHT


A luz ilumina, se apaga, aumenta a intensidade, decai lentamente até atingir o vazio negro incontido. Tem que fazer aparecer mais aqui do que ali, ou ali mais do que aqui. Cria um desenho plástico elucidando nitidamente toda ação corporal ou existencial do momento, faz parecer perene, porém com tempo marcado para ser ou para deixar de existir. Como o som, passeia por entre as narrativas! Luzes que formam imagens aparecem ocasionais. Um ballet perfeito entre o que tem a ser mostrado e o que a escuridão tenha que abafar. O conjunto da obra assim se estabelece. A obra é pronta.
Um dia quase perfeito, se não fosse a preocupação inerente, contida sem fala, ou com falas as sós sem com quem compartilhar. Como a luz que fez tudo acontecer e a tudo se faz ver, foi banalizada à insignificância? Esta era a pré ocupação. Então esta luz existe por si só? Sim, na vida real, na ficção se deverá trabalhá-la ao esgotamento para sua subsistência perfeita ou quase, para assim se fazer ver do caos a plenitude a ser compartilhado com um alguém ou com uma platéia. O poder da existência. A luz. Sem ela, escuro, preto, vazio. Sem forma. Sem sombra.
À luz dos fatos, me deparei com o que se tem tamanha importância pra mim, mas é insignificante aos meus. Baixa auto-estima? Nenhuma. Percebi, troquei várias vezes de canal e ela estava lá em seu nível sustentável!
Há de se romantizar ou não a realidade, estará ali, sempre clara, evidente e até dura. A tomada de consciência há se ser verdadeira. Elucidada, clareia, mesmo que doa a princípio, mas faça valer a verdade da clara realidade.
Há tanta luz cotidianamente que dela nos despercebemos, insignificante muita das vezes. Aí hoje ela iluminou pela primeira vez o tamanho de minha insignificância. A insignificância existe. E que não seja perene como a luz que a trouxe à superfície!
Quantas e quantas vezes fiquei no vácuo das ações, no desprezo, muitas e muitas vezes, contido à minha insignificância. Por ser adulto? Eu estou aqui!!! Imagine, não tem nada a ver! Por ter que ser forte? Por ter eu que dar o exemplo? Por ser eu que tenho que ir atrás? Por ter que prover, podendo ou não? Caramba, eles são crianças!!! Por se culpar mais ação quando não há mais nada pra se fazer? Por se culpar? Por se culpar? Por se culpar? Por tentar ser eu um pai bacana? Um amigo? Um companheiro da vibe top? Por ter que dizer a todo tempo, “estou aqui”? A luz que clareia, às vezes clareia demais... Às vezes é melhor meia luz ou mesmo a sombra.
Uma luz brilha em tudo e em todos, desta vez veio com força em forma de canhão mostrando no centro do meu palco a minha consciência protagonista. Papel principal para ver minha realidade de frente, sentado na primeira fila, no gargalo. Eu realmente não tinha parado pra lembrar que eles estavam adultos também, não havia mais criança naquele meu cenário. O adulto já não era mais só eu. Eu já não precisava mais fazer tanto esforço. Cabe-me um pouco da sombra, pelo menos! O canhão mostrou minha altura etária e o tamanho exato que ocupo no espaço. A inércia. Um espaço pra cada um.
Acordei, abri os olhos, pouca luz. O que a luz forte havia mostrado ontem ainda estava ali no quarto. Pouca luz... O dia passa depressa... Como diria a poetisa: “Oh, as ridículas coisas necessárias!” E a vida continua... e continua... O facho de luz se esvai... se esvai... se esvai... Blackout. Amanhã é outro dia...

A feitura deste texto foi um exorcismo ou the lights turn on
José Carneiro Cabral


quinta-feira, 14 de novembro de 2019




Este texto retirei do “Epílogo” do livro: Prólogo, Ato, Epílogo memórias, da grande dama Fernanda Montenegro. Termino de lê-lo neste momento entusiasmado. Foi uma grande viagem, destas que atravessam oceanos em tempestades raivosas e praias quase tranquilas. Aquelas viagens em que você acha que não vai chegar ao final vivo. A imigração italiana e a portuguesa fundida em Brasil. A panorâmica político-social do país do século XX e início do XXI, entrecortada majestosamente com a grande história de uma grande mulher, uma força humana cadenciada pela vontade e o amor à arte e aos seus, talvez a maior atriz brasileira de todos os tempos com seus memoráveis trabalhos e lutas. Uma mulher, usando uma palavra que ela mesma gosta de dizer, IMORRÍVEL!  BRAVO! BRAVO!
Como na vida, portanto...
         

     "Por mais longa que seja a vida de um ator, ele não tem como declarar: “Estou pronto”. E se fizer, não é do ramo, Embora no teatro se repita, dia após dia, o mesmo gesto, a mesma intenção, o mesmo texto, dentro da mesma encenação, repentinamente uma “faísca inesperada de percepção” revela outra zona a seguir – que depende de sua inquietação, Em Reflexões de um comediante, de Jacques Copeau, lê-se sobre essa “anomalia”: “Nisto consiste o mistério – que um ser humano possa pensar e tratar a si próprio como matéria de sua arte. Ao mesmo tempo agir e ser o que é manobrado. Homem natural e marionete”.
   Pela vida afora, acumulei algumas observações. São intuições. Quando temos muitas certezas sobre o nosso modo de agir, em cena ou na vida, corremos o risco de ficarmos circunscritos a uma técnica que nos imobiliza naquele processo domado, dominado, que nos congela. É a ponte com o imprevisto, o improvável, o absurdo que, muitas vezes, nos leva a renascer. No palco, atingir o impensável é fundamental. Essa é a batalha. (...)"
Fernanda Montenegro

sexta-feira, 31 de maio de 2019



Lendo o livro “PIMENTAS - Para provocar um incêndio, não é preciso fogo” de Rubem Alves, me deparei com um conto que contém uma oração altamente pertinente para o momento em que vivemos no Brasil com relação ao meio ambiente. Um governo que alimenta um discurso de ódio e que libera inúmeros agrotóxicos, que diz que o aumento das temperaturas climáticas se devem ao asfalto, que se descompromete com as atitudes para as melhorias das condições ambientais para com nosso país e o mundo e outras leviandades mais, vi nela um alento altruísta, só orando mesmo, para desejarmos o de melhor para nossos filhos, netos e as novas gerações, que diz assim...

... Andando pelos corredores das maternidades, vejo, pregadas nem portas de quarto, as bandeiras de times de futebol: pais colocaram ali o seu mais alto desejo para o seu filho...

Aconteceu que fui atingido por duas criancinhas, neto reto e neto torto, e preciso abençoá-las com a minha mão. E mexendo nas minhas coisas encontrei uma bênção que um outro avô escreveu e que diz tudo o que eu quero dizer. É uma oração, reza, prece, linguagem velha de um homem bom que acreditava em Deus. Mas se você não acredita não tem importância porque a palavra é poderosa sempre, mesmo que não haja Deus. A menos que Deus seja um menino, como o descreveu Alberto Caeiro...

E eu a repito pensando em todas as crianças que estão nascendo neste mundo, na esperança de que haverão de construir um outro mundo de harmonia entre os homens e a natureza:

“Ó Deus, nós oramos por aqueles que virão depois de nós, por nossos filhos, pelos filhos dos nossos filhos, pelos filhos de nossos amigos, e por todas as vidas que estão nascendo agora, puras e esperançosas, com o sol da manhã em suas faces. Lembramos, com angústia, que eles viverão no mundo que estamos construindo para eles. Estamos esgotando os recursos da terra com a nossa avidez e eles sofrerão necessidades por causa disto. Estamos construindo cidades tristes e casas escuras onde o sol não penetra, porque queremos ganhar mais, e é nelas que eles deverão morar. Estamos tornando  a carga muito pesada e o ritmo de trabalho muito cruel e eles cairão fracos e soluçantes ao longo do caminho. Estamos envenenando o ar da nossa terra com as nossas mentiras e com nossa sujeira e eles terão de respirá-lo.

“Ó Deus, tu sabes quanto já gritamos em agonia quando tivemos de sofrer pelos pecados dos nossos pais e como lutamos em vão contra o destino inexorável que conduz nossa vida ou nos aprisiona a ela. Salva-nos de lesar, com a crueldade dos nossos pecados, os inocentes que virão depois de nós. Ajuda-nos a quebrar a antiga força do mal com uma vontade sagrada e firme, e dotar nossas crianças com ideais mais puros e pensamentos mais nobres. Dá-nos a graça de deixarmos esta terra ainda melhor do que a encontramos; a construir sobre ela cidades belas e humanas nas quais o grito do sofrimento desnecessário cesse por completo, e a colocar a ética e o amor sobre a nossa vida de negócios, para que possamos servier e não destruir. Levanta o véu do futuro e mostra-nos como será a nova geração se a nossa culpa a arruinar: para  que a nossa cobiça seja freada e assim possamos andar no respeito daquele que é Eterno. E dá-nos uma visão de como serão os anos que estão por vier se forem transformados pelos teus filhos: para que tenhamos coragem e batalhemos por esse futuro novo.”
Deus te abençoe, Tomas,
Deus te abençoe, Rafael...


domingo, 8 de fevereiro de 2015

FIZERAM A GENTE ACREDITAR...



“Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada “dois em um”, duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma pra todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão erradas, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser mito feliz e se apaixonar por alguém.”
Martha Medeiros

terça-feira, 8 de abril de 2014

PESSOAS, PESSOAS E PESSOAS...

                Você acha que conhece sua espécie? Acha que todo ser humano é igual, que segue o mesmo padrão da galera que mora no seu bairro. Ok, sabe que existem diferença, mas que não são assim tão gritante? Você está enganado! Pro seu espanto, existe uma variedade enorme de características em seres humano.
                A graça do mundo talvez esteja no sua diversidade. Tanta pluralidade de culturas e etnias que é praticamente impossível conhecer tudo o que existe por aí.
                Você verá a seguir diferentes olhares, feições e expressões de pessoas ao redor do mundo. Confira!

VIVA A DIFERENÇA!



































Fonte: Macaco velho