Lendo o livro “PIMENTAS
- Para provocar um incêndio, não é preciso fogo” de Rubem Alves, me deparei com
um conto que contém uma oração altamente pertinente para o momento em que
vivemos no Brasil com relação ao meio ambiente. Um governo que alimenta um
discurso de ódio e que libera inúmeros agrotóxicos, que diz que o aumento das
temperaturas climáticas se devem ao asfalto, que se descompromete com as
atitudes para as melhorias das condições ambientais para com nosso país e o
mundo e outras leviandades mais, vi nela um alento altruísta, só orando mesmo, para
desejarmos o de melhor para nossos filhos, netos e as novas gerações, que diz
assim...
... Andando pelos
corredores das maternidades, vejo, pregadas nem portas de quarto, as bandeiras
de times de futebol: pais colocaram ali o seu mais alto desejo para o seu
filho...
Aconteceu que fui
atingido por duas criancinhas, neto reto e neto torto, e preciso abençoá-las
com a minha mão. E mexendo nas minhas coisas encontrei uma bênção que um outro
avô escreveu e que diz tudo o que eu quero dizer. É uma oração, reza, prece,
linguagem velha de um homem bom que acreditava em Deus. Mas se você não
acredita não tem importância porque a palavra é poderosa sempre, mesmo que não
haja Deus. A menos que Deus seja um menino, como o descreveu Alberto Caeiro...
E eu a repito
pensando em todas as crianças que estão nascendo neste mundo, na esperança de
que haverão de construir um outro mundo de harmonia entre os homens e a
natureza:
“Ó Deus, nós oramos
por aqueles que virão depois de nós, por nossos filhos, pelos filhos dos nossos
filhos, pelos filhos de nossos amigos, e por todas as vidas que estão nascendo
agora, puras e esperançosas, com o sol da manhã em suas faces. Lembramos, com
angústia, que eles viverão no mundo que estamos construindo para eles. Estamos
esgotando os recursos da terra com a nossa avidez e eles sofrerão necessidades
por causa disto. Estamos construindo cidades tristes e casas escuras onde o sol
não penetra, porque queremos ganhar mais, e é nelas que eles deverão morar.
Estamos tornando a carga muito pesada e
o ritmo de trabalho muito cruel e eles cairão fracos e soluçantes ao longo do
caminho. Estamos envenenando o ar da nossa terra com as nossas mentiras e com
nossa sujeira e eles terão de respirá-lo.
“Ó Deus, tu sabes
quanto já gritamos em agonia quando tivemos de sofrer pelos pecados dos nossos
pais e como lutamos em vão contra o destino inexorável que conduz nossa vida ou
nos aprisiona a ela. Salva-nos de lesar, com a crueldade dos nossos pecados, os
inocentes que virão depois de nós. Ajuda-nos a quebrar a antiga força do mal
com uma vontade sagrada e firme, e dotar nossas crianças com ideais mais puros
e pensamentos mais nobres. Dá-nos a graça de deixarmos esta terra ainda melhor
do que a encontramos; a construir sobre ela cidades belas e humanas nas quais o
grito do sofrimento desnecessário cesse por completo, e a colocar a ética e o
amor sobre a nossa vida de negócios, para que possamos servier e não destruir.
Levanta o véu do futuro e mostra-nos como será a nova geração se a nossa culpa
a arruinar: para que a nossa cobiça seja
freada e assim possamos andar no respeito daquele que é Eterno. E dá-nos uma
visão de como serão os anos que estão por vier se forem transformados pelos
teus filhos: para que tenhamos coragem e batalhemos por esse futuro novo.”
Deus te abençoe,
Tomas,
Deus te abençoe,
Rafael...
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